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domingo, 3 de abril de 2011

Esperar contra toda esperança

Fragmentos do livro
Es bueno creer. Para uma teologia de la esperanza - José Antonio Pagola

Reunião do dia 26/03/2011
Capítulo 3

    A esperança é algo constitutivo do ser humano. O homem vive caminhando para um futuro, sua vida sempre é busca de algo melhor. Não pode viver sem esperança; deixaria de ser homem. Necessita de um alento de esperança que anime sua vida.
    A falta de esperança fecha o caminho para a felicidade. A pessoa fica sem o estímulo necessário para crescer. O desalento apodera-se do indivíduo; tudo fica envolto pelo ceticismo e pela desconfiança. Falar de felicidade pode tornar-se até irritante.
Por outro lado, a ausência de esperança mina as forças de quem tem que se enfrentar com o sofrimento. O mal faz-se mais duro e penoso. Sem esperança é difícil encontrar a atitude sadia que dê sentido aos conflitos e ao sofrimento do viver diário.
(...)
A partir de uma perspectiva cristã, pode-se dizer que, crer em Jesus Cristo é redescobrir a esperança final, que anima a existência humana.
(...)
Quando, em uma sociedade, a esperança enfraquece, a vitalidade decai e a vida corre risco de degradar-se. O mesmo se pode dizer da comunidade cristã. A Igreja de Jesus Cristo está chamada a ser "a comunidade da esperança". Sua tarefa é despertar a esperança no mundo e aí encontra sua verdadeira identidade, o que a converte em "testemunha do ressuscitado. Se a Igreja, minada ela própria por seu pecado, mediocridade ou covardia, não tem força para gerar esperança, está frustrando sua missão.

Onde o ser humano pode encontrar uma esperança para viver com sentido e responsabilidade?
A partir de que horizonte se pode iluminar o seu caminhar?
Como recuperar a esperança numa sociedade sacudida por crises tão graves como as de nossos dias?
O que é que move hoje a vida e a atuação da Igreja? O instinto de conservação, a busca de segurança ou a esperança viva que o Espírito do Ressuscitado infunde no coração dos crentes?

Uma sociedade necessitada de esperança
São muitos os traços sombrios que caracterizam o momento atual da sociedade.
  • Desmistificação do progresso: não se cumpriram as grandes promessas que foram feitas a partir do Iluminismo; o mundo moderno continua cheio de crueldades, injustiças, insegurança. " A nossa é, definitivamente, a época do mal-estar e da incerteza, do desengano e do desânimo diante das grandes palavras prometidas" (Coelho Pires)
  • Fim da história: para muitos pensadores, é uma ilusão pensar que estamos "fazendo a história", pois os fatos e acontecimentos que estamos vivendo não levam a parte alguma. Aparentemente, qualquer modelo de sociedade parece derivar cedo ou tarde para o sistema neocapitalista liberal.
  • Perda de horizonte: a humanidade parece estar chegando à sua velhice. Os acontecimentos atropelam-se uns aos outros, porém não conduzem a nada novo. “O progresso converte-se em rotina” (A. Gehlen). A cultura do consumismo produz novidade de produtos, porém só para manter o sistema no mais absoluto imobilismo. A consequência inevitável é o cansaço. O ocidente está profundamente cansado. Cansado de si mesmo. O homem moderno é fundamentalmente “espectador”. Um ser passivo que participa de uma engrenagem que não é impulsionada por ele e cujo horizonte não chega a alcançar.
  • Desfrute imediato: quando não se espera nada do futuro, o melhor é viver o dia e desfrutar ao máximo do momento presente - cultura do hedonismo e do pragmatismo.
  • Vazio do afazer utópico: poucos são os que se comprometem a fundo para que as coisas sejam diferentes. Há uma grande indiferença pelas questões coletivas. Individualismo, narcisismo, apatia democrática, desprestígio das instiuições políticas e empobrecimento da vida pública.
  • As consequências da "guerra econômica": a crise generalizada de esperança é vivida de maneira diferente nos diversos pontos do planeta - os privilegiados (EUA, Europa, Japão) competem entre si para consolidar seu poderio econômico; os paises subdesenvolvidos (continente latinoamericano, países orientais e do leste) cada vez mais veem ameaçados seu futuro precário e o continente africano fica praticamente excluído. 
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