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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Salutogênese - parte III




Reunião em 15/9/2011

Parte III
(apontamentos de Anísia Motta)

    A Salutogênese tem cinco princípios para serem seguidos na educação escolar:

1. A educação segue rigorosamente a cronologia da criança. Elas não podem repetir de ano porque seu cropo não vai parar de crescer, precisam de nutrição que corresponda a sua idade. Um ambiente sadio também faz parte desse primeiro princípio, como a proteção contra o que causa traumas nessa idade. Hoje, fala-se muito de vivências traumáticas e a criminalidade frequente agrava a situação.  A maneira como se aborda tais ocorrências, o jeito de falar, pode criar certa proteção às crianças. Mas o que vem pelas mídias penaliza-as muito. É preferível poupá-las de seu livre acesso a elas, sozinhas. Elas roubam o tempo da criança, que poderia ou deveria movimentar-se. Tolhe-lhes a criatividade para elaborar seus pensamentos por si. O que nos deixa sadios até idade avançada é essa criatividade interior e não o mero consumo, que oferece tudo pronto.

2. Currículo elaborado, correspondendo estritamente à faixa etária - é verdadeira psicologia e fisiologia do desenvolvimento. Steiner quis que os conteúdos fossem trazidos em ritmo de quatro semanas, através de várias matérias. A partir da cronobiologia e reabilitação, sabe-se que o ritmo de cura se faz em ritmo de quatro semanas. Em quatro semanas estabelece-se um hábito, férias de quatro semanas são mais saudáveis que de duas ou três semanas... Steiner propõe que se fale de drogas, álcool, sono, questões de saúde... mas, sempre tudo relacionado aos problemas globais, à economia. Dra. Michaela foi estudar tudo isso para perceber a relação dessas realidades com saúde. Na Europa, há a política de subvenções de manteiga, leite, cereais... lá se produz leite excessivamente, mas não saudavelmente... para as vacas. Esses excessos são transformados em leite em pó e manteiga e estocados, para manter os preços elevados. Como ninguém quer pagar o transporte para distribuição desses excedentes, para o terceiro mundo, então ele é destruído. Ela então, se deu conta do absurdo da economia moderna, do sistema absurdo do qual todos participam. Steiner dizia que se deveria comparar o cancer com o crescimento econômico, o comportamento financeiro: não está de acordo com a vida; a economia assemelha-se a um carcinoma social. Dinheiro sadio deve circular de forma saudável e a produção deve estar diretamente determinada pela demanda, ocupando adequadamente as pessoas, sem provocar desemprego.
    Os conteúdos curriculares, segundo Steiner, devem contemplar o funcionamento biológico: assim, no período da manhã, deve-se tratar daqueles que exigem mais da cabeça; à tarde, os que exigem da parte motora. Isso, comenta Dra. Michaela, está de acordo com o que se aprende na medicina. De manhã há mais fluxo sanguíneo na cabeça; à tarde, mais nos membros. Mas, infelizmente, não se consegue realizar desta forma os currículos, em todos os lugares.

3. A boa relação entre pais/professores/alunos - sobretudo a boa relação pedagógica professor/aluno - com sinceridade, compreensão e respeito. Steiner perguntava aos alunos se gostavam de seus professores e não o contrário. A inteligência emocional, ainda não conhecida então, era preocupação de Steiner, na medida em que ele cuidava do envolvimento emocional positivo, sem o qual não se aprende bem. O aluno precisa perceber a devoção do professor à verdade, ao conhecimento. Toda educação deve ter por objetivo a autonomia.

4. Metodologia: deve ser artística, o que significa que o ensino deve ser orientado por metas, mas também, por processos. Isso é típico da arte, que tem metas, mas exige que se treine e, ao longo desse treino, algo da meta vai se manifestando. O aspecto decisivo é que cada criança é artista e deve ir aprendendo de forma autônoma.

5. Orientação espiritual do professor. Steiner foi criador da Antroposofia... uns pensam que é religião, filosofia, sistema espiritual moderno. Steiner tem um conceito claro de espiritualidade como sendo o pensar do ser humano. Pensar, para ele, é competência espiritual; sem pensamento não compreendemos. O que sabemos sobre Deus é produto de nosso pensamento. Falar, usar palavras que não se conhece o significado, nada representam, não remetem a nada. Toda a obra filosófica de Steiner é derivada do fundamento pensar. A Antroposofia quer ser o caminho de conhecimento que pretende conduzir o que há de espiritual dentro de nós, que é o pensar, no que há de espiritual no universo. Steiner mostra em todos os detalhes que a ciência espiritual, como o pensar do ser humano, está em coerência com a natureza, o mundo. Não é por milagre que pelos pensamentos é que se descobre as leis da natureza, da matemática. De toda forma, estimulou os professores a desenvolverem seus próprios pensamentos, da maneira mais autônoma. Esse tipo de espiritualidade está de acordo com qualquer religião. O pensamento é o caminho de compreensão para toda religião. O pensar não é religião, mas é o caminho para compreendê-la.
   O professor se exercita em pensar autonomamente e desenvolver uma imagem espiritual, não materialista e acima de todas as religiões.

   "Aprendemos para compreender o mundo. Aprendemos para trabalhar no mundo. O amor entre as pessoas vivifica todo trabalho humano."
    "Cristo  é o Mestre dos mestres, o Mestre do amor humano. É importante que os professores saibam que tem um Mestre ao qual podem pedir conselhos diariamente"

(Citações de Steiner, retiradas de uma festividade dominical da primeira escola Waldorf - devem ser entendidas como um manifesto salutogênico)

A pedagogia Waldorf é considerada cristã, mas supraconfessional. Quando Maslow estudou a alma, descobriu que a alma saudável é sincera, amável, respeitosa, dá autonomia ao outro. Isso é salutogênese e isso aparece no Evangelho de João: conhecer a verdade que nos libertará. "Quando dois ou mais se reunirem em meu nome, estarei no meio deles". É possível reconhecer que são mais discípulos pelo amor que os une.
   No terceiro ano de vida é que começa o pensar. A primeira atividade autônoma aconteceu no andar. No segundo ano, quando a criança aprende a falar, só diz a verdade; só quando aprendemos a pensar é que mentimos.
   No terceiro ano de vida acontece a primeira atividade mental autônoma; quando a criança diz EU, começa a atividade consciente. Vivemos uma vida eterna nos pensamentos espirituais; vivemos uma vida passageira dentro de nosso corpo. O paradigma salutogênico é: a mesma inteligência com a qual o ser humano pensa é a mesma com a qual o corpo vive.
    A autorregulação dos processos de autocura é que nos encarna como seres anímicos espirituais. As forças de crescimento abandonam o corpo quando nada mais tem a fazer com ele. Já se transforma em vida eterna, em vida de pensamento. Refletimos nosso pensamento no cérebro. Quando se tem uma experiência de quase morte, acorda-se no pensar. Podemos imaginar que vai se encarnando sob as asas da vida eterna e chega um momento que se "escarna" da vida passageira. Quando morremos é que nascemos espiritualmente. Se eu fosse uma pessoa maravilhosamente espiritual, não teria a chance de me encarnar em um corpo e não saberia o que é um ser humano. Quem não morre antes de morrer, este degenera antes de morrer. Se no processo de pequenas mortes, eu não reconhecer o aspecto espiritual, perco a consciência individual.

"Admirar o belo, guardar o verdadeiro, admirar o que é nobre, decidir o que é bom - isso conduz o ser humano para atuar o que é correto, sentir em direção à paz e pensar em direção à luz, me ensina a confiar no reinar divino, em tudo que há no universo, nas profundezas da alma" - Steiner.