Reunião em 15/9/2011
Parte II
(apontamentos de Anísia Motta)
Até que ponto a pedagogia Waldorf é salutogênica?
Quando uma criança nasce, precisa de 6 a 8 anos para a maturação básica do sistema nervoso e dos órgãos dos sentidos. Só depois desse tempo, o sistema cardiorrespiratório atinge a condição adulta. Leva entre 18 e 21/22 anos para o sistema metabólico e esquelético atingirem a maturidade. De 21/22 anos até 45 anos para termos certa estabilidade fisiológica, para depois ocorrer a queda, a curva descendente de nossa biologia. É inevitável, nada a impedirá e virá o amém da Igreja. Nem academia, hormônios ou outros recursos poderão impedir que o processo se complete. O que amadurece por último, envelhece primeiro. Se a cabeça já fosse deteriorando, seria o caos. Começa com o metabolismo (diabetes II), sistema esquelético (joelhos, pescoço, coluna...), surgem problemas biliares, cálculos renais... Estatisticamente, até 42 anos tem-se o pico da vida. Aos 60 anos aparecem perturbações do ritmo cardíaco (hipertensão p.ex.), patologias pulmonares. Entre 60 e 70 anos vêm necessariamente, os óculos, aparelhos auditivos, “terceira” dentição, agendas sobressalentes para ajudar no que se esquece. A memória de curta duração se compromete mesmo em pessoas sadias.
O que se faz como tratamento complementar, ao lado dos medicamentos, usado na pedagogia Waldorf para ajudar o desenvolvimento das forças corpóreas sadias: aconselhamento de vida, biográficos; como lidar com as crises, psicoterapia. É preciso encontrar um novo ideal de vida, senão o adoecimento vem mais rápido. Na consulta, é preciso perguntar, para descobrir o que se deseja, qual é a meta da vida. É necessário acender o idealismo. Quando se consegue isso, o medicamento funciona e as mazelas são superadas.
Os alunos, no ensino médio, precisam aprender a pensar autonomamente, superar as crises típicas da adolescência, não perder o entusiasmo pela vida; o idealismo não pode ser destruído na escola, mas estimulado. Se isso não acontece no ensino médio, não pode renascer mais tarde. Se não se conseguir isso, ocorrem problemas cardiocirculatórios e respiratórios. Terapia artística, eurritmia, tudo que leva a mover-se ritmicamente, liberta a região do coração – isso corresponde à faixa etária até 7/8 anos, quando, na pedagogia Waldorf tudo isso é levado à ação. É uma fonte de saúde que será levada muito bem nessa faixa etária e evitará doenças que poderiam ocorrer.
Como médica pediatra, a palestrante reconheceu que a pedagogia Waldorf é uma medicina preventiva. Quanto mais saudável a “encarnação”, mais saudável a “escarnação”. Contos de fada, conteúdos com grandes imagens, contos de Grim... cada um desses contos mostra um processo evolutivo, até sua conclusão: as crianças desenvolvem uma consciência imagética profilática. Com pessoas idosas, diante de dificuldades de memória, busca-se transmitir grandes imagens. Estudo feito com freiras revelou que elas tinham menos Alzheimer porque elas teriam vida mais saudável. Perguntou-se: elas são diferentes? O estudo comparativo do cérebro revelou que as freiras também apresentavam placas no cérebro, mas, elas não evoluíram para Alzheimer. Concluiu-se que a vida ritmada delas – repetição de orações, de histórias bíblicas, os evangelhos (não mecanicamente) dos quais se busca sempre coisas novas, como crianças que não se aborrecem com a repetição das histórias – traria grandes benefícios. Elas teriam também atividade mental muito intensa, o que as ajudou a desenvolver mecanismos compensatórios – as áreas cerebrais que declinavam eram compensadas.
(continua)