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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Pedagogia da esperança

     A esperança cristã se desenvolve através das experiências humanas, por isso, é importante favorecer aquilo que pode permitir o crescimento de uma verdadeira esperança e lutar contra o que pode afundá-la.
    
7.1 Despertar a confiança
     Cultivar um otimismo sadio, sem ingenuidade e sem esquecer os problemas e dificuldades, é uma maneira cultivar a esperança. Motivar as pessoas, ajudando-as a encontrar estímulos que a impulsionem a atuar, crescer, empreender novas tarefas e propor-se novas metas são maneiras positivas de cultivar esperança.
     Todos podemos ser estímulo e fonte de esperança para os demais. Toda graça que recebemos pode converter-se em graça para os demais. Estamos chamados a ser graça para os outros. Trata-se de viver, atuar e ser de tal maneira que seja uma sorte encontrar-se conosco.
     Uma maneira de começar é não fazer a vida mais difícil e dura do que já é, para ninguém. Que a vida seja melhor, mais humana, mais suportável ali onde eu esteja, onde eu atue, fale ou mova-me. Saber criar por onde eu passe, um clima no qual seja mais possível a esperança.
     Devemos nos lembrar sempre que a bondade de Deus manifesta-se, sobretudo, através da bondade dos homens.

7.2 O desenvolvimento de uma atitude positiva
     A pessoa sem esperança tende a adotar uma atitude negativa; a pessoa toda se faz negativa: seu olhar, sua inteligência, seus sentimentos, suas atitudes.
     É preciso que essa pessoa introduza em sua vida um olhar diferente, uma valorização e um apreço positivo das pessoas, das coisas e dos acontecimentos. Necessita encontrar-se com pessoas que vivam positivamente e saibam apreciar e olhar a vida com olhos mais confiante; pessoas que a ajudem a descobrir que a vida não se reduz a esse problema, que a vida é sempre mais. Que ela pode, ao invés de ver a vida toda a partir daquele problema concreto, vê-lo a partir da profundidade da vida toda.
     Aqui é onde a pessoa que crê pode ajudar a curar a desesperança. "Nós sabemos que, em todas as coisas, Deus intervém para o bem dos que o amam (Rm 8, 28). Nossa vida não é alheia a Deus. Não há nenhum sofrimento ou fracasso, nenhuma solidão, traição ou pecado, fechado ao amor ou à graça de Deus.
      A partir da fé pode-se ajudar as pessoas a ampliarem seu olhar; junto a pensamentos negativos e danosos, podem brotar pensamentos mais amáveis e nobres; junto a sentimentos tristes e derrotistas, podem nascer outros mais luminosos e pacificadores; junto a avaliações mais duras e implacáveis, pode haver atitudes mais compreensivas e flexiveis; junto a decisões complicadas podem suscitar-se determinações mais nobres e dignas.
     Temos que exercitar-nos mais em descobrir o positivo da vida das pessoas e dos acontecimentos. O negativo é mais cômodo e fácil de ressaltar; o positivo exige mais esforço, mais atenção e mais fé. Contagiar olhar positivo, pensamentos, sentimentos, atitudes positivas é gerar esperança.

7.3 A acolhida mútua, fonte de esperança
     As pessoas que sabem acolher semeiam esperança ao seu redor.
     A acolhida mútua, o partilhar de maneira positiva as dificuldades da existência geram esperança. Se soubermos estar junto à pessoa que sofre e partilhar suas preocupações, se essa pessoa souber que, pelo menos junto de nós pode estar segura e manifestar-se como é; sabendo-se aceita, lentamente a esperança será despertada nela, crescerá sua confiança na vida, ela pode abrir-se a caminho para o Deus da esperança.
    Esta acolhida não é questão de técnicas ou destrezas aprendidas. É uma maneira de ser, de viver, de não passar distante de quem necessita de nós. É uma maneira de dar um rosto histórico ao Deus invisível e misterioso, que é acolhida infinita e insondável.

7.4 A compreensão e a oferta de futuro
     A verdadeira acolhida implica uma atitude de compreensão, de empatia, de maneira que quem se sente desesperançado possa sentir que será compreendido. Esta atitude gera esperança.
     É preciso começar por não depreciar ninguem, sequer interiormente. Saber compreender. Lembrar sempre que as pessoas não necesseitam de nossa crítica, mas de força para mudar.
     É necessário perguntar-nos o que podemos fazer para humanizar a vida, para introduzir uma qualidade nova nessa pessoa, nessa sociedade. As pessoas, mais do que nossa condenção, necessitam de nossa ajuda.
     A atitude mais humana e humanizadora é: crítica exigente em meio à sociedade, perdão e oferta de reabilitação a cada pessoa. Uma sociedade não se renova nem cresce em esperança apenas atirando pedras sobre os culpados.

*Fragmentos do livro Es bueno creer. Para uma teologia de la esperanza - José Antonio Pagola
   
    

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Esperar contra toda esperança

Algumas tarefas da esperança na sociedade atual

Reunião do dia 30 jul. 2011

      Os cristãos foram acusados de ter posto seus olhos na outra vida e terem se esquecido desta. Contudo, a esperança na "nova criação" consiste, precisamente em buscar e esperar a plenitude e realização total desta terra. Ser fiel ao "futuro final", querido por Deus, é ser fiel a este mundo até o final, sem desesperar de nenhum anseio e sem frustrar nenhuma aspiração verdadeira humana.

Tarefas da esperança cristã hoje:

      Abrir horizonte: a vida é muito mais que esta vida; a realidade é mais complexa e profunda do que nos quer fazer crer o realismo; as fronteiras do possível não estão determinadas pelos limites do presente. O futuro do ser humano está sendo gestado no meio da história, as vezes absurda e mediocre que levamos.
      O cristão realista e lúcido aproxima-se da realidade como algo inacabado e a caminho; não aceita as coisas como são, mas como deverão ser.

      Criticar a absolutização do presente: quem ama e espera o futuro de Cristo não pode conformar-se com a realidade tal como está hoje. A esperança introduz contradição com a realidade presente, era protesto, desperta da apatia e da indiferença próprias do homem contemporâneo; desinstala. Sempre é possível transformar a realidade em algo mais parecido ao que será a "nova humanidade".

     Introduzir sentido humano no progresso: a crítica da esperança a este mundo injusto não é um não de mera existência em meio à covardia geral dos "escravos satisfeitos". É um não construtivo que nega o presente para construir uma realidade distinta e melhor. O cristão sente-se impelido por sua esperança, a trabalhar incansavelmente por criar já, agora, dentro possível, isso que sabemos já encontrar-se na história humana como possibilidade prometida por Deus: uma sociedade realizada no amor, na justiça e no perdão. A esperança cristã deve contradizer hoje, de maneira particular, essa utilização pragmática da técnica que atende apenas a eficácia e o rendimento, descartando qualquer outra consideração sobre a dignidade humana como irrelevante e sem interesse. Pode-se programar o futuro de outra maneira; pode-se dar um "rosto mais humano" ao progresso.