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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Esperar contra toda a esperança*

Reunião do dia 31/4/2011


Capítulo 3
Alguns traços do homem desesperançado

Quando em uma sociedade morre a esperança, a vida da pessoas deteriora-se. Sociólogos e psiquiatras descrevem, em suas análises, os traços que parecem definir, de maneira cada vez mais clara, o perfil do homem desta sociedade sem esperança. Destacamos alguns:
  • sem metas nem referências: não têm certezas firmes nem convicções profundas; busca muita informação, mas isso não o ajuda a ser mais sábio e profundo; incapaz de fazer uma síntese das inúmeras informações que lhe chegam;
  • homem light: esvaziado do verdadeiro conteúdo humano, como os modernos produtos de baixa caloria e atenuados em sua força natural (leite desnatado, café descafeinado...); um homem interessado em muitas coisas, mas de maneira superficial, com pouca profundidade, sem critérios básicos de conduta; chama o sexo de amor; ao prazer, de felicidade, aos programas televisivos, cultura.
  • homem hedonista: só lhe interessa, de verdade, organizar a vida da forma mais prazeirosa possível; aproveitar, desfrutar, sugar: a vida é prazer e se assim não for, não é vida. Apenas interessam o próprio bem-estar, o seu dinheiro ou passar bem; busca-se o mais fácil, o mais cômodo, o que se pode conseguir apenas mostrando o cartão de crédito. Êxito é sinônimo de dinheiro. Resistência em aceitar normas ou códigos de comportamento. "Bom é o que eu gosto e mau o que eu não gosto" é a regra que não aceita proibições; nada de objetivos nem ideais maiores: "o que importa é o que me convém".
  • espectador passivo: aparentemente está em movimento, mas não vai a parte alguma - é massificado, produtor, consumidor, automobilista, receptor da indústria do ócio, configurado pela cultura televisiva - cada vez mais incapaz de pensar livremente, tem repostas preparadas, quais as emoções "tem" que sentir, que comportamento tem a adotar; um "bárbaro civilizado" que vai alcançando graus cada vez maiores de incopetência, ignorância e falta geral de responsabilidade.
  • individualista e solidário: quando não se tem esperança em um futuro melhor para todos, cada um busca resolver seu problema - é o "salve-se quem puder", o "cada um com seus problemas"; importa ganhar dinheiro, seja como for; "vale tudo" para conseguir benefícios. Os grandes valores éticos, na prática, são substituidos pelos interesses particulares. "Tudo se compra e se vende" (Cláudio Magis).
  • buscador de segurança: na crise, o homem contemporâneo busca segurança - exigem-se leis e fronteiras mais restritas para os estrangeiros, repressão mais dura para os delinquentes, contratam-se guardas de segurança, os ricos instalam sistemas de proteção. Ninguém quer pensar responsavelmente nos que sofrem miséria e mal-estar. Caldo de cultura para novos racismos, xenofobias e tendências neoconservadoras.
  • diferentes rostos da desesperança: a falta de esperança reflete-se de diversas formas na vida das pessoas. Os sinais de desesperança são fáceis de observar: falta de decisão, de entusiasmo, vida apagada, sem força e calor; a pessoa faz mais ou menos o que tem que fazer, porém a vida não lhe plenifica. Mesmo que o indivíduo esteja satisfeito com suas atividade e sucessos, não espera grande coisa da vida nem de si, nem dos demais: fica fechado no seu viver diário. A falta de esperança também se manifesta sob a forma de cansaço: a vida torna-se pesada, enfadonha; a pessoa sente-se sufocada pelo peso da vida e pouco a pouco cai na indiferença e na preguiça total. Há falta de alegria, incapacidade de apreciar o belo, o bom, a grandiosidade da vida. Tristeza e mau humor tornam-se a tônica. Vazio. A vida se empobrece, o indivíduo envelhce interiormente.
Cristo nossa esperança
É no meio desta sociedade carente de esperança que nós cristãos temos que "dar razão de nossa esperança" (1Pe 3, 15) a nós mesmos e às pessoas com as quais partilhamos a vida. Uma esperança que não é uma utopia a mais, nem uma reação desesperada frente às crises e incertezas do momento, mas que tem suas raízes em Jesus Cristo, crucificado pelos homens, porém, RESSUSCITADO POR DEUS.


Síntese das discussões

  • indiferença ao IMPORTANTE;
  • muita informação dificulta a síntese/alienação
  • superfície/profundo: próprio bem estar X coletivo
  • limite/cuidado importantes na educação
  • Espectar X esperar. Espectar: pensam por mim; só pode gerar busca de segurança. Esperar: sou eu que penso; gera confiança, segurança verdadeira.
  • perversidade do sistema capitalista e do sistema político: desesperança incentivada
  • ideologia: esconde/articula de maneira insuficiente, impedindo de ir às causas
  • Denúncia deve ser acompanhada de anúncio

Textos de apoio utilizados

Sugestões

  • Pedro Pedreiro
     
  • Desesperar jamais
     



*Fragmentos do livro
Es bueno creer. Para uma teologia de la esperanza - José Antonio Pagola

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