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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Homem, imagem e semelhança de Deus

Texto extraído de: “O inconsciente espiritual” ,  Jean-Claude Larchet , Páginas 22 e 23
Colaboração: Anísia

A antropologia cristã tem uma característica essencial: não concebe o ser humano independentemente de sua relação com Deus. Esta relação com Deus caracteriza o ser humano ao mesmo tempo em seu ser e em seu vir a ser.
A base da antropologia cristã é bíblica e reside na afirmação de que o homem foi criado à imagem e à semelhança de Deus (Gn 1,26). Esta afirmação, ainda que se encontre no livro do Gênesis e apareça no contexto da criação do homem, não diz respeito somente ao primeiro homem, mas aplica-se a todo ser humano. Portanto, refere-se à natureza mesma do ser humano e é constitutiva de sua definição.
A imagem designa sobretudo a constituição natural do ser humano. O homem é a imagem de Deus em sua própria natureza, sobretudo pelas faculdades superiores que possui: seu intelecto (nous), sua razão (logus), sua vontade (thelema, thelesis), sua faculdade de escolha (proairesis), seu poder de amar. Mas, um certo número de comentários patrísticos sublinha que o ser humano, na realidade, é um ser à imagem de Deus pelo conjunto de suas faculdades.
Enquanto a imagem é dada de imediata ao ser humano, como constitutiva de sua natureza, a semelhança deve ser adquirida pessoalmente por ele: consiste nas virtudes, nas disposições habituais ou estados espirituais que unem o ser humano a Deus e o tornam semelhante a Ele. Podemos dizer que a imagem de Deus refere-se mais particularmente ao ser do homem, enquanto a semelhança refere-se mais especificamente a sua maneira de ser, mais exatamente a seu estar bem, e inicialmente ambas apresentam-se a ele como um dever-ser.
Entretanto há uma relação estreita entre a imagem e a semelhança.
Em primeiro lugar, a imagem é o que permite ao ser humano realizar a semelhança: é sobre a base dos poderes ou faculdades constitutivas da imagem e por meio de sua energia que o ser humano poderá efetivar as virtudes pelas quais se realizará a semelhança.
Em seguida, como sublinham alguns comentários patrísticos, as virtudes já estão presentes em gérmen na própria natureza do ser humano e cada pessoa tem como tarefa fazê-las crescer em si mesma. Assim, segundo o livro do Gênesis, Deus não diz “ Criemos o homem a nossa imagem, em vista de nossa semelhança”, mas “a  nossa imagem e a nossa semelhança”, porque a semelhança já foi dada, em uma certa medida, ao ser humano desde a sua criação: o ser humano foi criado sendo orientado para realização da semelhança e começando já a realizá-la.
Enfim, na realização da semelhança a imagem realiza sua finalidade e encontra seu acabamento e sua perfeição. Assim um indivíduo dotado de inteligência, de vontade e de livre arbítrio, mas que não fosse moderado, casto, desinteressado, meigo, humilde, bom etc..., não seria uma pessoa realizada nem perfeita ( cf. Ef 4,13).

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